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Existe a luta e existe o evento esportivo

  • Foto do escritor: Andrei Moscheto
    Andrei Moscheto
  • 4 de out.
  • 2 min de leitura
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As redes sociais foram invadidas, na semana que passou, por trechos terríveis envolvendo lutadores e suas equipes ao final de um evento esportivo. O resultado: pessoas machucadas, esportistas suspensos de suas confederações, ofensas para todos os lados e dedos apontando para possíveis culpados. Dentro do que se seguiu do vexaminoso evento ouvimos áudios de ameaças, frases de vingança, algumas desculpas protocolares e a certeza de que fomos testemunhas de um momento muito triste na vida de duas carreiras de sucesso esportivo.


Não nos enganemos: lutas foram criadas com o objetivo de violência eficiente, em que seus praticantes são estimulados a buscar o seu melhor e, num pensamento bastante marcial, a não ter empatia por adversários / inimigos.


Ao longo do século XIX e XX, começamos uma mudança significativa. Artes restritas a soldados e guerreiros começaram a migrar para uma categoria esportiva, em que a eficiência do corpo era enaltecida e o treino tinha resultados positivos para a saúde, longevidade e a defesa pessoal. Mas o passado de guerra continua lá - é comum encontrar frases e desenhos de guerra tatuados no corpo ou nos brasões dos eventos e marcas esportivas, explicitando o passado e o presente do caminho da violência.


A luta deveria ser uma coisa, o esporte (em que pontos são disputados, não a vida do oponente) deveria ser outra. Quando as coisas se confundem o resultado pode ser triste ou trágico.


Quando Koichi Tohei Sensei funda a sua linha marcial de Ki-Aikido e recusa a ingressar no mundo dos esportes, tenha a interpretação de que ele gostaria de deixar a guerra pra trás (ele esteve na II Guerra Mundial). O que ficaria dentro de sua escola seria muito mais a arte e a compreensão do funcionamento do corpo, a saúde, o bem-estar, e uma vez focado nestes princípios, o lado marcial poderia ser clarificado.


Mas os desejos do fundador não bastam. Se temos que aprender com equívocos dos outros para não repeti-los, temos que entender que mesmo lutadores experientes e bem sucedidos, cercados de profissionais competentes, podem cometer deslizes que prejudicam a si mesmos e outros ao seu redor.


Que todos os agredidos desnecessariamente possam se curar.


Andrei Moscheto

 
 
 

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