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Carpe Diem é uma homenagem

  • Foto do escritor: Andrei Moscheto
    Andrei Moscheto
  • 2 de nov. de 2023
  • 2 min de leitura

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O dia de finados se altera com a idade. Lembro de ser criança e, apesar de ter empatia pelo dor dos outros, achar meio fantasioso essa coisa chorar na frente de um pedaço de pedra, acender vela, levar flores, conversar com quem não parecia estar ali.


Na adolescência as coisas mudaram um pouco. Não ter plena empatia pelo ritual de se lembrar dos que já foram era um super poder (Super Empáfia, ativar!) quase a ser comemorado. A falsa sensação de imortalidade se misturava a iconoclastia juvenil e isso durou um tempo. Curto, mas um tempo.


Com a vida adulta, pessoas que tinham sido fundamentais começaram a partir. Esporadicamente, quase que num aviso renitente: "carpe diem" - "aproveite o dia", em latim. É nessa fase que você vê adolescentes, que são exatamente como você era, e usa da nova soberba: Ah, crianças, elas ainda não entendem! - a gente vai envelhecendo e só mudando de ignorância.


Corta para este ano, do alto dos 46 anos de idade, e a frequência não é mais esporádica. Muitos parentes amados, amigos, pessoas famosas durante os anos formadores da minha personalidade. Você estranha, como se algo muito assimétrico estivesse acontecendo exclusivamente contigo, mas isso já aconteceu com muitas pessoas ao seu redor.


O fato é que: pessoas se vão e deixam saudades.


Tem uma frase, que a gente usava num espetáculo de teatro, que dizia: Credo, tanta gente que não morria que hoje tá morrendo! É a mais pura verdade, elas se vão e deixam a gente com saudades, que não podemos lidar o tempo todo, porque afinal a gente deveria estar aproveitando esse tempo na Terra da melhor forma possível, até pra honrar as vidas dos que nos deixaram.


Então, um dia por ano - pelo menos - a gente aceitou que hoje era um dia que era possível lembrar e celebrar a existência daqueles que já se foram.


Que as suas lembranças te tragam conforto e renovem a certeza de que "aproveitar o dia" é uma das maneiras de homenagear as saudades pelos que já se foram.


Andrei Moscheto

coordenador do Instituto Shukikan

 
 
 

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